quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Por falar em Wallace



Não, estava a brincar. Já toda a gente sabe que a tradução do Infinit Jest é um pesadelo, e nem me vou demorar aí. Eu vinha era falar de outro assunto. É verdade que, noutras edições dos estrangeiros, os quatro volumes de O Quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell, estão reunidos num único livro. Mas, por favor, Dom Quixote, quem é que consegue ler esta vossa edição? Não é para ler, é só para oferecer e/ou enfeitar? Já podiam ter dito. Com sorte, ainda se encontra os volumes da edição anterior.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Ai Caramba


Pois é, alerta-me o Gonçalo Mira, especialista das 20 primeiras páginas da tradução portuguesa do Infinit Jest (ou será Gest?), que escrevi numa das entradas anteriores “gadjets” em vez de “gadgets”. Mea culpa – ou meia culpa, que isto de manter um blog desta natureza, com toda a pressão e todas as represálias que poderão entretanto surgir, não é brincadeira. Garante-me o Mira, no entanto, e julgo que sem um pingo de ironia, que o meu “particular e inovador estilo de escrita será reconhecido mais tarde”. Haja alguém a pensar isto, haja alguém.
O erro está rectificado. Venha daí o bailarico.


Troca por troca


É só uma sugestão:

José Eduardo Agualusa (da Ler) pela Pilar Del Río (da Fundação Saramago).

Enquanto público ávido consumidor de cultura, mas pouco dado à patetice de reviengas linguísticas, ficaríamos nós mais seguros quanto à possibilidade de, assim, um deixar de titular as suas crónicas com “Os meus personagens”, óbvio tique de machismo austral, e o outro (a outra) de empregar o fictício título “Presidenta”, óbvio tique de feminismo emproado. Há que, caramba, viver numa sociedade mais equilibrada e tolerante.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

O que tu merecias era um sopapo do Canijo


Da seguinte entrevista, gostaria de salientar dois exemplos de construções sintáctico-semânticas, buriladas e pungentes, com que o nosso querido Secretário de Estado da Cultura nos tem vindo a habituar. São eles:  

04:15’ “[...] cujo valor equivale a uma soma que corresponde a 10% do seu orçamento.”

04:40’ “O modelo dos acordos tripartidos é de facto um modelo que vai de encontro às boas práticas contemporâneas no que respeita ao desenvolvimento das políticas públicas.”

Nota: Aconselha-se o visionamento dos oito minutos e tal de entrevista.


(Clique em cima da imagem para ser direccionado para o vídeo)


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Excitações de Coutinho



Tenho tido algumas saudades de ler o “Ciberescritas” da Isabel Coutinho. Já não o faço há muito tempo. Nem sei se a coluna e o blog ainda existem desde que a Coutinho foi promovida. E no-entanto-porém, aqueles pedaços de verdadeira lírica tecno-erótica eram as minhas Sombras de Grey avant la lettre. A forma como se conseguia transmitir ao leitor coisas tão avassaladoras como as reacções que se geram no nosso corpo ao desempacotar a embalagem de um e-reader vai ficar gravada na minha memória para sempre. Sensual, astuta, marota, Coutinho foi desenvolvendo um particular e inovador estilo de escrita que só mais tarde, como acontece sempre no nosso país, será reconhecido. Uma escrita orgiástica que, piscando o olho aos primeiros rituais dionisíacos, mistura os elementos da tradição com o overlapping de gadgets e dá forma a uma sofisticada intimidade (quase) juvenil. É, sem sombra de dúvida, disto de que se fala quando se fala de inovação.